terça-feira, 24 de novembro de 2015

A indignação de um juiz

Por Damião Gomes

Em evento promovido pela Associação Nacional dos Editores de Revistas, na capital paulista, na segunda-feira, 23 de novembro, o juiz Sergio Moro, condutor da Operação Lava Jato, no âmbito da   primeira instância da Justiça, fez uma revelação desalentadora, no tocante ao futuro daquela que tem se constituído na maior operação de combate ao crime organizado em nosso país.
Na explanação que fez àquele grupo seleto de pessoas da mídia, o juiz afirmou que a corrupção no Brasil é sistêmica, e que não tem visto atitudes por parte do Congresso e nem do governo federal para modificar o atual cenário, mesmo com todo o trabalho desenvolvido pela força-tarefa que se formou em torno da investigação, que reúne Polícia Federal, Ministério Público e o Judiciário,  e que tem levado à prisão de autoridades, políticos e empresários, todos com evidente ligação aos negócios fraudulentos praticados, principalmente, contra a Petrobras, mas que atingiram outras estatais brasileiras, com o mesmo modus operandi.
Passados um ano e oito meses do início da Lava Jato, o magistrado resume o que até aqui foi investigado como algo positivo, mas que tem dúvidas quanto ao futuro da Operação. Ao seu sentir, a Lava Jato é uma “voz pregando no deserto” , em que pese considerar que “o processo tem ido bem, mas não posso assegurar o dia de amanhã”, disse o juiz naquele evento.
Na visão de Sergio Moro, não será ele próprio, nem o que restar do desfecho da Lava Jato, assim como não o foi com o processo do mensalão, que irão acabar com a corrupção em nosso país, mas que vai depender de como nós todos, como cidadãos, precisamos fazer a partir de agora, pontuou.
Diante da preocupação externada pelo magistrado, há que se ressaltar a  condução firme, e principalmente competente que ele tem adotado no curso do processo, com suas decisões chanceladas quase que na totalidade pelo corpo de juízes do Supremo Tribunal Federal, que instado a se pronunciar a cerca de decisões na origem do processo, a cargo de Sergio Moro, tem dado provimento ao decidido pelo juízo de primeiro grau.

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