É de estarrecer o noticiário
que vem sendo divulgado pela mídia há cerca de dois meses, versando sobre a
atuação do esquema de corrupção liderado pelo contraventor Carlos Augusto
Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira, que, sem exercer qualquer
mandato eletivo, detinha (ou ainda detém) forte influência nas diversas
esferas do poder. Sua atuação criminosa não se restringia apenas à exploração
de jogos de azar no estado de Goiás e arredores de Brasília, mas, sobretudo,
consistia na corrupção de agentes públicos, que através de empresas que tinham
negócios com o Executivo, direcionavam milionários e superfaturados contratos,
que tinham o objetivo de alimentar o apetite insaciável da quadrilha.
A cada dia vem a público,
através dos grandes veículos de comunicação, fatos relatados nos inquéritos das
operações ‘Vegas’ e ‘Monte Carlo’, da Polícia Federal, em diálogos gravados com
autorização judicial, que dão conta do imenso poder de influência da quadrilha
junto a autoridades governamentais, que alcançava os três poderes da República –
Executivo, Legislativo e Judiciário -, além de ter os seus tentáculos também
fincados nas administrações municipais, de olho numa fonte inesgotável de
recursos, que é exatamente a verba destinada à coleta de lixo, cuja demanda não
se esgota nunca, e permite auferir extraordinários lucros.
A quadrilha contava com
apoios importantes de membros do poder Legislativo – integrantes do Senado Federal
e da Câmara dos Deputados -, que não mediam esforços para ajudá-la, tanto na
interlocução com o executivo, através da facilidade em vencer as licitações;
bem como a nível de Judiciário, onde se pretendia obter setenças que
favorecessem membros da quadrilha, que tinham demandas naquele poder. A forte
ligação do contraventor com parlamentares das duas casas do Congresso Nacional
levou a abertura de processo disciplinar junto ao Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar do Senado Federal contra um de seus principais membros, o senador
pelo estado de Goiás Demóstenes Torres(sem partido), cujo envolvimento com a
quadrilha de Cachoeira o coloca na condição de peça fundamental do esquema
criminoso.
Nesse período de dois meses
de intensa divulgação de fatos relacionados ao esquema Cachoeira, foi instalada
uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI, do Congresso Nacional, que
pouco (ou quase nada) avançou em termos de aprofundamento das investigações a
cerca da atuação da quadrilha, optando claramente por desviar o foco da
investigação, e partindo, dessa forma, para uma tentativa de enfraquecimento do
Procurador Geral da República, a quem cabe oferecer denúncia junto ao Supremo
Tribunal Federal, ao final da CPMI, caso haja indícios de participação no
esquema criminoso de autoridades com prerrogativa de foro.
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