terça-feira, 9 de outubro de 2018

O recado vindo das urnas

Por Damião Gomes

                                                                                  
O abraço dos afogados
Contrariando todos os prognósticos feitos pelos principais institutos de pesquisas de opinião, cujos resultados indicavam vitória, por expressiva margem de votos, de grande número de caciques políticos atualmente com assento nas duas casas do Congresso Nacional, o eleitorado brasileiro foi às urnas no último domingo e de forma silenciosa expressou a sua vontade em direção contrária do que intuía o extrato daquelas pesquisas.

O que se viu no domingo foi um comparecimento do eleitorado ao local de votação acima do previsto pelos órgãos de pesquisas, que atestavam índice de abstenção na casa dos 30% ; tendo o eleitorado optado pela renovação destes políticos – muitos deles pertencentes à oligarquias que se mantinham por mais de duas décadas ocupando espaço de poder no parlamento brasileiro – e que agora terão de repensar a forma de continuar na vida pública, longe das regalias que lhes eram ofertadas.

Num giro pelo Brasil é fácil constatar esse desejo de mudança externado pelo eleitor de todas as regiões do país que, dessa vez, decidiu fazer sua escolha com base na sua consciência política, adquirida através dos mais variados meios de comunicação a que hoje se tem acesso, de modo especial pelas redes sociais, permitindo uma melhor avaliação daquele que se colocou como alternativa para representá-lo; e não mais seguindo orientação de pseudos líderes que o utilizava como massa de manobra para atingir seus objetivos nem sempre confessáveis.

Era quase inimaginável pensar, poucos dias atrás, na possibilidade de figuras carimbadas da política não terem seus mandatos renovados ou se elegerem para outros cargos em disputa. Contudo, o que se verifica através do recado emanado das urnas é que o eleitor optou por gente nova – de dentro ou de fora da política -, numa demonstração clara de que não estava satisfeito com o desempenho daquela gente.

Líderes consagrados como Roberto Requião, Eunício Oliveira, Cássio Cunha Lima, José Agripino Maia, Valdir Raupp, Beto Richa, Antônio Carlos Valadares, Garibaldi Alves, Lindbergh Farias, Vanessa Grazziotin, Magno Malta, Cristovam Buarque, Ricardo Ferraço, Flexa Ribeiro, Edison Lobão e Romero Jucá, este último figura emblemática do fisiologismo praticado na relação do Parlamento com o Poder Executivo nas duas últimas décadas foram mandados para casa. 

Além de muitos outros líderes regionais que mesmo estando de fora do Congresso Nacional representam a velha política, que ora está sendo rechaçada pelo eleitor brasileiro. Dessa leva, citaria o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, que perdeu a disputa para o Senado; José Fogaça, Eduardo Suplicy e Dilma Rousseff, além de outras lideranças semelhantes que por via democrática foram reprovadas no desejo de nos representar no parlamento. 

Assim como no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, a onda de renovação continuou a soprar nos legislativos estaduais e também nos governos dos estados, que a exceção do Nordeste, que reelegeu já em primeiro turno vários governadores, numa visão mais globalizada é possível anotar que na maioria dos estados as principais lideranças foram derrotadas ou passaram ao segundo escrutínio em posição inferior.



                                                    
                                                                                     
                                                                                    





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