O Governo costuma tratorar – expressão tão em voga no meio
político -, quando está em jogo o seu interesse em colocar em votação matérias
que mexem com a vida dos cidadãos, que nem sempre trazem benefícios a estes. É
o caso das últimas votações no Congresso Nacional, em que o Governo mostrou sua
força avassaladora, ao aprovar em primeiro turno a DRU – Desvinculação de
Receitas da União, que permite ao Executivo liberdade para gastar parte do
Orçamento Público, conforme a sua conveniência.
O que se viu no Congresso, na
última semana, é algo que merece da parte dos brasileiros, ao menos, uma reflexão:
se o Parlamento que, teoricamente, representa o pensamento da sociedade está a
necessitar da presença de um membro do Governo, em tempo integral, em
articulação com congressistas para aprovar determinado projeto, como a DRU, por
exemplo, é sinal de que falta aos membros desse mesmo Parlamento capacidade
técnica e compromisso republicano com quem o elegeu para deliberar sobre
matéria que versa sobre interesses da coletividade.
No caso concreto, o que se viu
foi a Secretaria de Articulação Política, através de sua titular Ideli Salvatti,
dar expediente integral em salas do Senado Federal, com o propósito de arregimentar
apoios à proposta do Governo, de votação da DRU, nos termos em que fôra proposto;
isto é, sem sofrer qualquer modificação por parte do Parlamento, a quem cabia,
de fato e de direito, dar corpo à mencionada matéria, tão importante ao povo
brasileiro.
E assim tem sido nas votações
importantes que acontecem nas duas casas do Congresso Nacional – Câmara e
Senado -, quando o Governo dar as cartas ao elaborar a pauta de votação,
subtraindo uma prerrogativa que é exclusivamente do Poder Legislativo. Isto
mostra, de forma clara, que a oposição precisa exercer um papel ainda maior que
é o de estabelecer uma ponte direta com a sociedade, que seja capaz de forçar o
debate com as forças governistas, que nem sempre estão dispostas a ouvir a voz
rouca das ruas.
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