Após ver as maquetes dos
novos estádios de futebol que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014 no
Brasil, tive, num primeiro momento, a sensação prazerosa de estar diante de
verdadeiros monumentos que se nivelam ao que há de mais luxuoso e moderno no
mundo milionário do futebol; não
deixando nada a desejar em relação aos estádios de países do chamado primeiro
mundo.
Todavia, passado esse
momento de êxtase, proporcionado por tão
belas obras de arte e à luz da realidade brasileira, me vem à mente a
desproporcionalidade nos investimentos por parte do setor público nessas portentosas
obras em relação ao que se destina a assistência à saúde e à educação em nosso
país. Não é razoável vermos o montante de recursos canalizados para a logística
em torno do campeonato mundial de futebol, ainda que se busque o retorno
financeiro desses investimentos através da grande quantidade de turistas que se
pretende atrair, quando vemos a imensa maioria do povo brasileiro padecendo nos
hospitais públicos a espera de atendimento que amenize seu sofrimento.
De igual modo, também não é
diferente em relação a educação pública – com exceção do ensino superior -, que
ainda consegue ter um bom nível de qualidade, não obstante a falta de recursos
que poderia torná-lo de excelência. Essa carência de recursos reflete
principalmente no campo da pesquisa, que impede o Brasil de avançar e de se
tornar referência no mundo. É inconcebível se ter em pleno século XXI crianças
e adolescentes estudando em escolas de lata por esse Brasil afora, e o mais
grave ainda parte destes fora da sala de aula por falta de escolas, que apesar
do dever constitucional do Estado de oferecer educação de qualidade a sua
população, o Governo – principalmente a nível municipal -, não cumpre com esta
obrigação constitucional, é bom que se diga.
Nada contra o Brasil sediar
tão importante evento de abrangência internacional, que certamente trará
divisas ao país, porém, o que a população reclama é que paralelamente ao
esforço do governo brasileiro em dotar as cidades que receberão as delegações
estrangeiras de total infra-estrutura
para a realização do certame, haja também por parte do governo a mesma
preocupação em garantir uma completa assistência à saúde e à educação, e assim
se cumpra o que estabelece a carta Magna da República.
A boa imagem do Brasil lá
fora passa pela satisfação do seu povo com os serviços prestados pelo governo,
que contemplem, ao menos, a maior parte de suas necessidades. Isto é possível.
É preciso, pois, ser prioritário.
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