Ao longo da última semana
convivemos com um episódio que em nada pareceu republicano. Falo das
declarações do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro previamente agendado no
escritório do jurista Nelson Jobim, ex-presidente do STF, na Capital Federal,
teria sugerido a Mendes o adiamento do julgamento dos envolvidos no processo do
mensalão - escândalo que eclodiu na
primeira gestão do petista e que está prestes a ser apreciado no plenário da Suprema
Corte de Justiça.
A ser verdadeira a
declaração do ministro do STF, que está investido da condição de Juiz para
atuar naquele que será considerado um julgamento emblemático para a moralidade
pública brasileira, estaria o ex-presidente Lula se apequenando diante da estatura moral que se espera de alguém que,
por dois mandatos consecutivos, dirigiu os destinos da nação; e que continua
gozando de elevado prestígio popular com chances reais de voltar à chefia do
governo do Brasil, na hipótese da presidenta Dilma Rousseff decidir não concorrer à
reeleição para a sua própria sucessão.
Em não sendo verdadeira a
declaração do ministro Gilmar Mendes, estaria, também, Sua Excelência, descendo
a um nível rasteiro, que não se coaduna com a postura de um membro da mais alta
Corte de Justiça do país; uma vez que é notória a conotação político-eleitoral
nas declarações dadas por todos os personagens que participaram daquele
encontro político no endereço de trabalho do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal - refiro-me, pois, ao anfitrião Nelson Jobim, ao ministro Gilmar Mendes e ao ex-presidente Lula.
É de se perguntar: por que o
ministro Gilmar demorou-se tanto para denunciar esta suposta ingerência do
ex-presidente Lula em assunto que, apesar da repercusão, é de responsabilidade
única do Judiciário?... ou ainda: quem sugeriu o encontro com quem e qual a
finalidade?... Pois, é sabido que o ministro Gilmar Mendes tem afinidades
políticas com o PSDB, e nessas declarações parece haver uma clara manifestação
de beneficiar eleitoralmente o tucanato,
de onde é originário o ministro. Resta claro, portanto, que o encontro não foi
casual.
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