terça-feira, 26 de junho de 2012

A política é mesmo dinâmica

Por Damião Gomes

Como diria o ex-governador paraibano Tarcísio Burity (in memoriam) a política partidária, pelo seu dinamismo, é como uma nuvem, a cada olhar atento ela muda de forma. Para se entender melhor o sentido filosófico dessa frase é necessário tomarmos como referência o processo de escolha de algumas candidaturas ao pleito municipal de outubro próximo, bem como o arco de aliança que se forma em torno destas, em que são deixados de lado princípios republicanos que deveriam nortear a montagem destes palanques, com vistas à conquista do direito de representar a vontade majoritária de um povo.

Para ficarmos em poucos exemplos, começaria citando o processo de escolha do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, ex-ministro Fernando Haddad, que foi abrigado numa coligação partidária em que estão lado a lado adversários históricos como o PCdoB e o PP, este sucedâneo do PDS e liderado em São Paulo por Paulo Maluf, que até pouco tempo era estigmatizado por setores tidos como de esquerda, por ter servido ao regime dos generais, durante o ciclo de governos militares, implantado no Brasil a partir de 1964. A articulação para formação desta aliança foi costurada pelo ex-presidente Lula, que vislumbrou a atração de parte do eleitorado paulistano que ainda se mantém fiel ao malufismo, e que poderia evadir-se para a candidatura de José Serra, do PSDB.

Outra situação que bem demonstra quão dinâmica é a política está acontecendo na capital carioca, onde o ex-prefeito daquela cidade César Maia se uniu ao ex-governador Antony Garotinho, adversários ferrenhos nos últimos 15 anos, com o propósito de desbancar da Prefeitura o atual prefeito Eduardo Paes, que concorre à reeleição e conta com o apoio do governador Sérgio Cabral e, por tabela, do ex-presidente Lula. Dessa união originou-se a chapa Rodrigo Maia/Larissa Garotinho, candidatos a prefeito e vice, respectivamente.

E como último exemplo, de muitos que acontecem em todos os rincões deste imenso país, destacaria o rompimento político do atual prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, com o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, de quem herdara a titularidade do mandato de prefeito quando este se desincompatibilizou para concorrer às eleições para o governo do estado em 2010, de cujo pleito saíra vencedor. Com o rompimento, após ser derrotado em convenção pelo grupo do atual governador, o chefe do executivo pessoense canalizou para a candidatura do deputado estadual Luciano Cartaxo (PT) o apoio do PPS, que tinha até então o jornalista Nonato Bandeira (até pouco tempo aliado do governador Ricardo Coutinho) como pré-candidato a prefeito, e que retirou a pretensão para formar uma aliança com o PT, em cuja chapa figurará como candidato a vice-prefeito.

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