Como diria o ex-governador paraibano
Tarcísio Burity (in memoriam) a política partidária, pelo seu dinamismo, é como
uma nuvem, a cada olhar atento ela muda de forma. Para se entender melhor o
sentido filosófico dessa frase é necessário tomarmos como referência o processo
de escolha de algumas candidaturas ao pleito municipal de outubro próximo, bem
como o arco de aliança que se forma em torno destas, em que são deixados de
lado princípios republicanos que deveriam nortear a montagem destes palanques,
com vistas à conquista do direito de representar a vontade majoritária de um
povo.
Para ficarmos em poucos
exemplos, começaria citando o processo de escolha do candidato petista à
Prefeitura de São Paulo, ex-ministro Fernando Haddad, que foi abrigado numa
coligação partidária em que estão lado a lado adversários históricos como o
PCdoB e o PP, este sucedâneo do PDS e liderado em São Paulo por Paulo Maluf, que até pouco
tempo era estigmatizado por setores tidos como de esquerda, por ter servido ao
regime dos generais, durante o ciclo de governos militares, implantado no
Brasil a partir de 1964. A articulação para formação desta aliança foi
costurada pelo ex-presidente Lula, que vislumbrou a atração de parte do
eleitorado paulistano que ainda se mantém fiel ao malufismo, e que poderia
evadir-se para a candidatura de José Serra, do PSDB.
Outra situação que bem
demonstra quão dinâmica é a política está acontecendo na capital carioca,
onde o ex-prefeito daquela cidade César Maia se uniu ao ex-governador Antony
Garotinho, adversários ferrenhos nos últimos 15 anos, com o propósito de
desbancar da Prefeitura o atual prefeito Eduardo Paes, que concorre à reeleição
e conta com o apoio do governador Sérgio Cabral e, por tabela, do ex-presidente
Lula. Dessa união originou-se a chapa Rodrigo Maia/Larissa Garotinho,
candidatos a prefeito e vice, respectivamente.
E como último exemplo, de
muitos que acontecem em todos os rincões deste imenso país, destacaria o
rompimento político do atual prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, com o
governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, de quem herdara a titularidade do
mandato de prefeito quando este se desincompatibilizou para concorrer às
eleições para o governo do estado em 2010, de cujo pleito saíra vencedor. Com o
rompimento, após ser derrotado em convenção pelo grupo do atual governador, o
chefe do executivo pessoense canalizou para a candidatura do deputado estadual
Luciano Cartaxo (PT) o apoio do PPS, que tinha até então o jornalista Nonato
Bandeira (até pouco tempo aliado do governador Ricardo Coutinho) como
pré-candidato a prefeito, e que retirou a pretensão para formar uma aliança com
o PT, em cuja chapa figurará como candidato a vice-prefeito.
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