domingo, 18 de março de 2012

Estilo Dilma de governar

Por Damião Gomes

A presidente Dilma Rousseff aos poucos vai imprimindo seu estilo próprio no exercício da administração pública brasileira, dando cara nova à equipe de governo com que vinha administrando desde a sua posse em janeiro de 2010, cujos auxiliares foram recrutados em comum acordo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como forma de gratidão ao petista que patrocinou a sua candidatura vitoriosa.

Passado pouco mais de um ano na Chefia do Executivo, a presidente já promoveu a substituição de doze ministros, alguns destes por força das denúncias de corrupção divulgadas na grande mídia; e outros para adequar a base política que dá sustenção a seu governo no Congresso Nacional.

Há quem diga que a presidente Dilma Rousseff, com as mudanças que está empreendendo na composição do governo, está sendo inábil politicamente, pois estaria desprezando os caciques da política brasileira, a quem cabia dar as cartas do jogo no Parlamento, em favor de novas lideranças que estão surgindo e que já não aceitam a imposição desses caciques, que por mais de duas décadas têm ocupado todos os espaços na estrutura da administração.

Com esse gesto, a presidente Dilma não só muda o eixo da interlocução com o governo no Parlamento, mas, principalmente, sinaliza com quem quer dividir a responsabilidade de conduzir os destinos do país. Se vai dar certo, ou não, esta nova forma de relacionamento com o Congresso Nacional, é preciso esperar para ver como se comportarão essas lideranças que perderam espaço no governo,  durante as votações mais importantes que estão para contecer nas duas Casas do Congresso Nacional, especialmente a conclusão da votação do novo Código Florestal, bem como a votação do Projeto da Lei Geral da Copa, dentre outros projetos que o governo espera ver aprovados por sua base.

Lidar com o pragmatismo de muitas legendas no Parlamento não é tarefa fácil para nenhum governo, principalmente quando está enraizada na cultura política brasileira uma relação de promiscuidade, onde quem tem mais força tem o poder de barganha, e, dessa forma faz-se uso de instrumentos nada republicanos, em que os interesses político-pessoais são colocados sempre à frente do interesse coletivo. É bem provável que o governo, com esta nova postura, venha a enfrentar dificuldades na aprovação de matérias de seu interesse no Congresso Nacional, numa forma de ravanchismo dos que foram alijados do poder, ou perderam parte dele.

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