terça-feira, 13 de novembro de 2012

Bala de festim


Por Damião Gomes


O que soou, num primeiro momento, como um estrondo similar ao estampido de um tiro de canhão, vai-se suavizando a cada dia, ao ponto de ser comparado, hoje, ao barulho de um tiro de bala de festim. É assim que está caminhando o julgamento do denominado Processo do Mensalão, nesta reta final, no âmbito do Supremo Tribunal Federal. O que, na fase inicial do julgamento, causou impacto junto à opinião pública, já não desperta tanta confiança no povo brasileiro, quanto ao rigor que a mais alta Corte de Justiça do país irá impor aos condenados no aludido processo.

O que se viu até agora, neste longo e controverso julgamento, foi uma intensa e desnecessária queda de braço envolvendo os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, relator e revisor, respectivamente, que têm roubado a cena e protagonizado o pior dos momentos vividos pela Suprema Corte Brasileira até então, comprometendo, sobremaneira, a respeitabilidade que se devota à qualificação daquele colegiado.

Ao que parece, o ministro Lewandowski, que tem sido vencido em quase todos os itens do extenso processo, tem adotado uma postura de intransigência na defesa de uma punição mais branda (e até branda demais) para os condenados naquele processo, com o propósito de desqualificar o substancioso voto do relator Joaquim Barbosa, que tem merecido acolhimento do plenário, em detrimento do seu ponto de vista, que tem sido minoritário junto ao colegiado. Esse posicionamento do ministro revisor enfraquece a decisão que o STF venha a proferir ao final desse julgamento que, pela repercussão alcançada, o torna emblemático na história do Judiciário brasileiro.

É, pois, visível e risível, a forma como alguns dos réus tem recebido a notícia a respeito da dosimetria de suas penas, num gesto de pouco apreço à decisão da Justiça, que se justifica pela leniência de um conjunto de leis, que permite intermináveis recursos à Justiça que, no caso concreto, poderão levar à prescrição de muitas das penas até aqui impostas, sem levar em conta que até a publicação do acórdão o voto dos magistrados poderá ser alterado, e nestes ajustes, haver redução de pena para alguns dos condenados. Resta, então, saber o resultado prático que esse julgamento irá produzir para a sociedade brasileira.


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