terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cerco a Eduardo Cunha

Por Damião Gomes

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, insiste em afirmar que não possui contas no exterior e parte para o ataque à figura do Procurador Geral da República, o doutor Rodrigo Janot, a quem acusa de perseguição política, numa ação – segundo ele – que contaria com o apoio velado do Palácio do Planalto, e que teria o objetivo de causar enorme desgaste à sua imagem de chefe de uma das casas do Parlamento – a Câmara dos Deputados -, a quem caberia a decisão de autorizar ou arquivar alguns dos vários pedidos de abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que aguardam despacho no gabinete do presidente.

Não se sabe até quando Cunha levará esta estratégia de negar veementemente às acusações que lhe são atribuidas pelo Ministério Público da Suiça, que em farta documentação enviada às autoridades brasileiras, há duas semanas, apontam pelo menos a existência de cinco contas que seriam do político brasileiro e que teriam sido irrigadas com dinheiro oriundo de pagamento de propina em contratos da Petrobras em território africano, que somariam um montante de quarenta e três milhões de reais. Na documentação enviada aparece, ainda, a esposa e uma filha do deputado como beneficiárias daquelas contas.

Com a chegada ao Brasil do material sob investigação de procuradores da Suiça, o doutor Janot pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para abrir mais uma investigação contra Eduardo Cunha, no tocante à autenticidade da investigação a cargo das autoridades suiças, de quem recebeu aval para levar a cabo a investigação, através de despacho do ministro Teori Zavascki, que responde pelo processo da Lava Jato, no âmbito daquela Corte. Também, de forma simultânea, um grupo de 30 parlamentares, sob a liderança da bancada do Psol, protocolou uma representação junto ao Conselho de Ética e Decoro parlamentar da Câmara dos Deputados em que pede a abertura de processo naquele colegiado para investigar a conduta do deputado, que em visita espontânea ao Plenário da CPI da Petrobras negara ter contas no exterior.

Em que pese ainda a influência do presidente Eduardo Cunha sobre um número expressivo de deputados, notadamente junto ao denominado “baixo clero”, já se verifica uma significativa diminuição na bancada que dava sustentação à sua gestão naquela casa do Parlamento. Diante da gravidade do momento resta aguardar o desenrolar dos acontecimentos para ver que desfecho terá este caso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário