Há pouco mais de seis meses à frente de seu segundo mandato
presidencial, Dilma Housseff se depara com o pior momento já
vivido por um Chefe de Estado brasileiro
em fase inicial de mandato – em que pese se tratar de um governo de continuidade,
eleito sob o instituto da reeleição.
É bem verdade que, dada a polarização da disputa entre dois
grupos que dividem a administração do país há duas décadas – liderados por PSDB
e PT respectivamente, esperava-se uma certa turbulência na seara política, com vistas a desgastar a imagem da presidenta
Dilma e, assim, manter a temperatura extraída da disputa até, pelo menos,
próximo da campanha eleitoral de 2016, quando ocorrerá a renovação de mandatos
nas prefeituras e Câmaras Municipais de todo o país.
Até aí nada demais, visto que o pleito foi vencido pela
petista por estreita margem de votos,
dando fôlego a oposição liderada pelo PSDB do candidato derrotado Aécio Neves
de empreender forte campanha de desgaste do governo, de olho nas eleições presidenciais
de 2018. No início, o próprio Aécio teve dificuldades de se afirmar como
principal liderança da oposição, por não receber apoio explícito dentro do seu
partido, a partir do senador José Serra e do governador Alckimin, do estado de
São Paulo – ambos potenciais concorrentes do tucano, dentro do PSDB.
Contudo, como em política nada é definitivo, com o advento da
operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia Federal, em março de 2014, em que
descobriu-se que a Petrobras havia sido saqueada por agentes públicos com
desvios bilionários, que serviram para enriquecer alguns diretores da estatal,
e, sobretudo, para irrigar a estrutura financeira de partidos políticos, que
pertencem à base aliada do governo, mais especificamente PT, PP e PMDB.
Com o avançar da investigação, que culminou com a prisão de
gestores da empresa, de executivos de grandes empreiteiras com contratos na
estatal e de políticos, o governo da presidenta Dilma passou a ser atacado
sistematicamente pela oposição(leia-se PSDB) e até por membros da base aliada,
mais precisamente por figuras proeminentes do PMDB, a exemplo de Renan
Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente presidentes do Senado e da Câmara
dos Deputados, que não têm dado trégua nas críticas ao governo, e, pior do que
isso, têm imposto ao Palácio do Planalto uma pauta que tem trazido um enorme
desgaste à gestão petista no âmbito do Congresso Nacional com repercussão direta na
sociedade, traduzido em pesquisa de avaliação em números poucos generosos com a mandatária da nação.
A
liderança do PSDB no Senado, exercida pelo paraibano Cássio Cunha Lima, tem se
tornado um canal permanente de combate ao governo e a atual chefe do executivo brasileiro, cujo discurso parece ganhar força junto aos
principais caciques do tucanato nacional, a julgar pelo comportamento desses
políticos na Convenção Nacional do partido ocorrida neste final de semana em
Brasília, com destaque para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, senador
Aécio Neves e governador Geraldo Alckimim, além do líder Cássio, que de forma
explícita afirmaram que estão preparados para voltar ao poder, numa alusão a
um possível processo de impeachment da presidenta da República.
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