É inconcebível o esforço que
setores da Polícia Federal, em Brasília, vêm fazendo na tentativa de
comprometer todo o acervo da investigação da Operação Lava Jato até aqui
produzido, sob a responsabilidade de delegados e agentes lotados na
Superintendência da PF do estado do Paraná. Num primeiro momento, tentou-se
tirar a credibilidade da investigação, sob o argumento de que os policiais
paranaenses teriam se valido de artifícios clandestinos para obtenção de
informações comprometedoras reveladas pelos detidos naquela operação, com a utilização de “grampos” em
celas e até na área conhecida como “fumódromo”, dentro da unidade da PF de
Curitiba.
Ainda como estratégia para
desqualificar o trabalho dos policiais federais do Paraná, servidores do órgão,
em Brasília, estariam disseminando notícias nos principais veículos de
comunicação do país em que colocaria em posição de confronto o trabalho desenvolvido
pela equipe do Paraná em relação ao que tem produzido os Procuradores da
República que acompanham o caso. Esse desentendimento entre a equipe da PF e o
Ministério Público só interessaria aos já indiciados e aos que ainda estão sob
investigação – é o caso de vários parlamentares e até auxiliares do governo.
Tudo leva a crer que essa cizânia dentro da corporação estaria sendo estimulada
por setores do governo, com o propósito de não se avançar nas investigações que
estariam perto de alcançar o ex-presidente Lula e também a equipe que cuidou da arrecadação financeira das
campanhas da presidenta Dilma Rousseff, de 2010 e 2014.
Também como forma de desgastar o
trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e a condução firme do juiz
Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, há uma forte mobilização das duas
casas do Congresso Nacional, a partir de seus presidentes, senador Renan
Calheiros e deputado federal Eduardo Cunha, ambos citados nas delações
premiadas já homologadas pelo Judiciário como beneficiários de dinheiro oriundo
de propinas pagas em contratos superfaturados da Petrobras, que de maneira
explícita têm feito uso de chantagem para criar constrangimentos à figura do
Procurador-geral da República, com ameaças de não chancelar a sua possível recondução
ao cargo, bem como admitindo a possibilidade de convocar o chefe do Ministério
Público Federal a prestar esclarecimentos no âmbito da CPI da Petrobras, em
curso na Câmara dos Deputados.
Políticos como o senador Fernando
Collor de Mello, das Alagoas, alvo de investigação na Lava Jato, tem
verbalizado da tribuna do Senado da República que o Procurador-geral Rodrigo Janot
tem feito uso político do cargo que exerce para atacar, segundo disse,
lideranças políticas e empresariais sem justificado motivo, devendo ser ele, o
procurador-geral, submetido a um processo de impeachment a ser apresentado
oportunamente naquela casa do Parlamento, num gesto de vindita contra o
procurador por ter sido relacionado ao recebimento de propina por meio do doleiro Alberto Yussef.
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