Há quase um mês o Brasil acordava
sob forte mobilização popular que, de forma pacífica e organizada, levantava
seu grito de repúdio aos desmandos praticados por agentes públicos e políticos,
que têm deteriorado sobremaneira a qualidade de vida do povo brasileiro,
notadamente a parcela menos favorecida da sociedade - àquela que mais necessita dos serviços
públicos.
Passado esse período, a
indignação da população se acentua, mormente a timidez do governo, que hesita em
apresentar solução para os reclamos da sociedade. As medidas anticorrupção
encaminhadas ao Congresso Nacional pela presidenta Dilma Rousseff não se
mostraram suficientes para conter a insatisfação de parte significativa da
sociedade, que esperava do Poder Público medidas efetivas de combate aos
malfeitos praticados em vários órgãos da administração pública e o imediato
afastamento de gestores que tenham sobre si qualquer suspeita de envolvimento em
práticas ilícitas.
O que se viu foi um
desentrosamento completo do governo com sua base política no Congresso
Nacional, que não conseguiu impor uma agenda positiva que fosse capaz de
reagir a essa onda de críticas que tem eclodido em todas as regiões do país, e
que tem causado muita intranquilidade à
gestão da presidenta Dilma. Não bastasse esse descalabro que afeta toda a
administração pública, o governo ainda tem de lidar com um Parlamento carente
de credibilidade e majoritariamente corrupto, com parte considerável do
colegiado respondendo a processos no âmbito do Judiciário.
Não parece tratar-se apenas de
coincidência o fato de que o Partido dos Trabalhadores, em mais um escândalo de
corrupção desvendado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, aparece
como beneficiário direto de vultosas somas de recursos amealhados em forma de
doações legais, mas que são na verdade propinas obtidas sob coação de pessoas
influentes no PT, com o objetivo inconfessável de manutenção de forte estrutura
econômica para a permanência no Poder. Vale lembrar que, na gestão do
presidente Lula, o tesoureiro do PT à época Delubio Soares era o expoente da
cúpula petista encarregado de fazer arrecadação de recursos junto às grandes
empresas com contratos com o governo, e que acabou sendo condenado no processo
do mensalão; agora, vê-se que o operador do partido para a continuação da
prática delituosa é o atual tesoureiro da agremiação João Vaccari Neto, que
aparece tal qual o antecessor Delubio como o homem do partido que tratava
diretamente das remessas ao partido.
Não bastassem todas as evidências
que os órgãos de investigação já detém sobre o envolvimento do atual tesoureiro
do PT, no esquema criminoso de arrecadação de recursos para o partido, é
estarrecedor ver o ex-presidente Lula minimizando mais esse escândalo que
atinge a principal estatal brasileira, a Petrobras, sob o argumento de que trata-se
de um escândalo fabricado pelos opositores do governo. Enquanto isso, a
presidenta Dilma Rousseff vai tocando uma administração enfraquecida, por
sucessivos escândalos patrocinados pelo grupo político liderado pelo
ex-presidente e principal avalista do Partido dos Trabalhadores, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva.
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