sábado, 4 de abril de 2015

A indignação das ruas só cresce

Por Damião Gomes

Há quase um mês o Brasil acordava sob forte mobilização popular que, de forma pacífica e organizada, levantava seu grito de repúdio aos desmandos praticados por agentes públicos e políticos, que têm deteriorado sobremaneira a qualidade de vida do povo brasileiro, notadamente a parcela menos favorecida da sociedade -  àquela que mais necessita dos serviços públicos.

Passado esse período, a indignação da população se acentua, mormente a timidez do governo, que hesita em apresentar solução para os reclamos da sociedade. As medidas anticorrupção encaminhadas ao Congresso Nacional pela presidenta Dilma Rousseff não se mostraram suficientes para conter a insatisfação de parte significativa da sociedade, que esperava do Poder Público medidas efetivas de combate aos malfeitos praticados em vários órgãos da administração pública e o imediato afastamento de gestores que tenham sobre si qualquer suspeita de envolvimento em práticas ilícitas.

O que se viu foi um desentrosamento completo do governo com sua base política no Congresso Nacional, que não conseguiu impor uma agenda positiva que fosse capaz de reagir a essa onda de críticas que tem eclodido em todas as regiões do país, e que tem causado muita intranquilidade à gestão da presidenta Dilma. Não bastasse esse descalabro que afeta toda a administração pública, o governo ainda tem de lidar com um Parlamento carente de credibilidade e majoritariamente corrupto, com parte considerável do colegiado respondendo a processos no âmbito do Judiciário.

Não parece tratar-se apenas de coincidência o fato de que o Partido dos Trabalhadores, em mais um escândalo de corrupção desvendado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, aparece como beneficiário direto de vultosas somas de recursos amealhados em forma de doações legais, mas que são na verdade propinas obtidas sob coação de pessoas influentes no PT, com o objetivo inconfessável de manutenção de forte estrutura econômica para a permanência no Poder. Vale lembrar que, na gestão do presidente Lula, o tesoureiro do PT à época Delubio Soares era o expoente da cúpula petista encarregado de fazer arrecadação de recursos junto às grandes empresas com contratos com o governo, e que acabou sendo condenado no processo do mensalão; agora, vê-se que o operador do partido para a continuação da prática delituosa é o atual tesoureiro da agremiação João Vaccari Neto, que aparece tal qual o antecessor Delubio como o homem do partido que tratava diretamente das remessas ao partido.

Não bastassem todas as evidências que os órgãos de investigação já detém sobre o envolvimento do atual tesoureiro do PT, no esquema criminoso de arrecadação de recursos para o partido, é estarrecedor ver o ex-presidente Lula minimizando mais esse escândalo que atinge a principal estatal brasileira, a Petrobras, sob o argumento de que trata-se de um escândalo fabricado pelos opositores do governo. Enquanto isso, a presidenta Dilma Rousseff vai tocando uma administração enfraquecida, por sucessivos escândalos patrocinados pelo grupo político liderado pelo ex-presidente e principal avalista do Partido dos Trabalhadores, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva.


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