sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A vingança de um gangster

Por Damião Gomes

É forçoso reconhecer que a presidente Dilma Rousseff tem se mostrado incompetente para gerir os destinos do país, mas daí ser apeada do poder pela vontade deliberada de um gangster que está a um passo de perder o mandato parlamentar e de se tornar réu no processo que investiga desvios bilionários na Petrobras, cuja consequência natural é a prisão, é algo que não se pode aceitar.

O ato praticado pelo ainda deputado Eduardo Cunha, no exercício da Presidência da Câmara, em que acolhe pedido para abertura de processo de impedimento da presidente Dilma, dado o atual momento político e econômico porque passa o país, demonstra a falta de responsabilidade do parlamentar, que não mediu a consequência de seu tresloucado gesto na vida do povo brasileiro, que tem sido vítima do esgotamento do atual  modelo político e econômico, do qual o deputado é protagonista.

Na cadeira em que Eduardo Cunha senta, hoje, outrora já acomodou políticos com elevada estatura moral, que em momentos de crise tinham algo de positivo para apresentar à nação e dessa forma contribuíram para minimizar os efeitos deletérios dela advindos. A instituição se apequena com gestos medíocres patrocinados por quem não está a altura do cargo.

Mais do que oportunista o ato do deputado Cunha foi irresponsável e leviano, que não levou em conta o momento difícil da economia brasileira – cuja responsabilidade é, e deve ser, atribuída sim à má gestão da presidente Dilma no comando do governo; e, em menor escala, à classe política com assento no Parlamento, que em  vez de apresentar solução para as grandes demandas do povo brasileiro tem se preocupado em achacar o governo em troca de apoio político.

Não se questiona a prerrogativa do presidente da Câmara dos Deputados de acolher ou rejeitar pedidos de abertura de processo de impeachment da presidente da República, todavia, não se deve lançar mão desse instrumento para retaliar a chefe da nação, numa vindita por lhe ter sido negado os votos do PT para salvar seu mandato no Conselho de Ética da casa que preside.

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