quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dirceu continua a dar as cartas no PT

Por Damião Gomes


É repugnante assistir a uma cena em que um preso, condenado na Ação Penal 470, também conhecida como mensalão, e atualmente cumprindo prisão domiciliar  na capital do país; e com os direitos políticos suspensos, possa manifestar-se livremente sobre o processo político brasileiro, como se estivesse plenamente apto a dele participar. Refiro-me ao condenado naquele processo,  e principal agente operador daquele esquema criminoso, no entendimento do Ministério Público Federal, senhor José Dirceu, que em recente declaração a imprensa manifestou o desejo de reaglutinar o seu grupo político dentro da estrutura partidária do partido dos Trabalhadores, com vistas a exercer influência no governo tocado pela petista Dilma Rousseff, a quem acusa de negligenciar na condução da política econômica.

Dirceu, que é expert na arte da articulação política, conta com a complacência da justiça brasileira, pela omissão, para por em prática esse ambicioso projeto, sob as bênçãos do líder maior do petismo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em reservado estimula a ação do ex-auxiliar e amigo pessoal das antigas para fazer frente ao desgaste que o partido sofreu em decorrência de mais de uma década no exercício do poder federal. Com o plano, Dirceu e seus parceiros no PT, forçariam uma mudança de rumo na gestão da presidenta, sobretudo no tocante à manutenção da coalizão que atualmente ainda lhe garante uma confortável base parlamentar no Congresso Nacional, que estaria a necessitar de uma forte liderança dentro do governo capaz de dar suporte à interlocução com o Parlamento.

Não se pode negar a habilidade política do ex-ministro da Casa Civil da primeira gestão do presidente Lula, que com esse plano tenta se reinserir no processo político brasileiro, aproveitando-se do silêncio do Judiciário, que tem sido cada vez mais benevolente na concessão de direitos ao ilustre preso, após a saída do relator original daquela Ação Penal, ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, que deixou o caso e a Corte em meados do ano passado. Após a saída de Barbosa, a relatoria da AP 470 passou às mãos do ministro Luís Roberto Barroso, que tem sido bastante generoso com os presos condenados naquela Ação Penal, especialmente com José Dirceu, que de forma discreta tem podido atuar nos rumos do Partido dos Trabalhadores.

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