Na ânsia de conter os ânimos de milhares de brasileiros que
saíram às ruas para protestar contra toda espécie de desmandos praticados por aqueles que foram por nós encarregados de gerir nossos destinos – com ética e
zelo à coisa pública -, e que, via de regra, têm deixado de lado princípios
basilares da boa gestão, com o emprego de políticas pouco (ou nada)
republicanas, que tem causado enormes prejuízos ao povo brasileiro, o governo
federal tem tentado responder a essas demandas com a adoção de medidas de
impacto, que nem sempre contemplam os anseios desses movimentos, que lutam não
somente pelo fim da corrupção, mas que defendem, principalmente, melhorias na
prestação dos serviços públicos aos cidadãos.
Num primeiro momento o governo tentou, através de sua base
parlamentar no Congresso Nacional, bancar um projeto, que tinha por objetivo
estabelecer um plebiscito, em que a população brasileira seria ouvida a cerca
da reforma política. Viu-se, na proposta, que esse não era o ponto principal,
que resolveria de uma só vez a insatisfação das ruas, que mais que um
plebiscito reclama uma mudança profunda no modelo de gestão, em que o povo seja
efetivamente consultado sobre os assuntos que mexem com o seu cotidiano. De
igual modo, o Legislativo tem se apressado em votar propostas que são de
interesse público e que somente agora com a pressão das ruas estão sendo
pautadas para entrar na ordem do dia do Parlamento.
Parece que a classe política de um modo geral não compreendeu
o recado que essas manifestações ocorridas em todas as regiões do país
transmitiram ao exigir completa transparência na gestão da coisa pública, com o
fim das regalias e o combate sistemático a corrupção em todos os níveis de
poder. Dessa vez os manifestantes optaram por não seguir nenhuma liderança
política ou partidária – chegando ao ponto de expulsar integrantes de grupos ou
facções que tentavam se infiltrar no movimento com o objetivo de tirar proveito
eleitoral -, numa demonstração clara de desapreço às instâncias partidárias que
compõem o atual quadro político brasileiro. Muito impressionou o alto nível de
organização desses manifestantes, que, através das redes sociais, conseguiram
num curtíssimo espaço de tempo arregimentar uma legião de pessoas para ir às
ruas reclamar seus direitos.
Essas pessoas continuam mobilizadas aguardando medidas
efetivas por parte daqueles que estão à frente dos destinos do povo, que
promovam a melhoria na qualidade de vida de toda a população brasileira; e não
apenas medidas pontuais, que tem a finalidade tão-somente de dar uma satisfação
aos que saíram às ruas para protestar. O que se exige, com essa onda de
protestos, é uma mudança de comportamento da classe política, com o devido
respeito à soberania popular.
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