segunda-feira, 15 de julho de 2013

Pressão das ruas produz efeitos

Por Damião Gomes



Na ânsia de conter os ânimos de milhares de brasileiros que saíram às ruas para protestar contra toda espécie de desmandos praticados por aqueles que foram por nós encarregados de gerir nossos destinos – com ética e zelo à coisa pública -, e que, via de regra, têm deixado de lado princípios basilares da boa gestão, com o emprego de políticas pouco (ou nada) republicanas, que tem causado enormes prejuízos ao povo brasileiro, o governo federal tem tentado responder a essas demandas com a adoção de medidas de impacto, que nem sempre contemplam os anseios desses movimentos, que lutam não somente pelo fim da corrupção, mas que defendem, principalmente, melhorias na prestação dos serviços públicos aos cidadãos.

Num primeiro momento o governo tentou, através de sua base parlamentar no Congresso Nacional, bancar um projeto, que tinha por objetivo estabelecer um plebiscito, em que a população brasileira seria ouvida a cerca da reforma política. Viu-se, na proposta, que esse não era o ponto principal, que resolveria de uma só vez a insatisfação das ruas, que mais que um plebiscito reclama uma mudança profunda no modelo de gestão, em que o povo seja efetivamente consultado sobre os assuntos que mexem com o seu cotidiano. De igual modo, o Legislativo tem se apressado em votar propostas que são de interesse público e que somente agora com a pressão das ruas estão sendo pautadas para entrar na ordem do dia do Parlamento.

Parece que a classe política de um modo geral não compreendeu o recado que essas manifestações ocorridas em todas as regiões do país transmitiram ao exigir completa transparência na gestão da coisa pública, com o fim das regalias e o combate sistemático a corrupção em todos os níveis de poder. Dessa vez os manifestantes optaram por não seguir nenhuma liderança política ou partidária – chegando ao ponto de expulsar integrantes de grupos ou facções que tentavam se infiltrar no movimento com o objetivo de tirar proveito eleitoral -, numa demonstração clara de desapreço às instâncias partidárias que compõem o atual quadro político brasileiro. Muito impressionou o alto nível de organização desses manifestantes, que, através das redes sociais, conseguiram num curtíssimo espaço de tempo arregimentar uma legião de pessoas para ir às ruas reclamar seus direitos.

Essas pessoas continuam mobilizadas aguardando medidas efetivas por parte daqueles que estão à frente dos destinos do povo, que promovam a melhoria na qualidade de vida de toda a população brasileira; e não apenas medidas pontuais, que tem a finalidade tão-somente de dar uma satisfação aos que saíram às ruas para protestar. O que se exige, com essa onda de protestos, é uma mudança de comportamento da classe política, com o devido respeito à soberania popular.

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