domingo, 12 de fevereiro de 2012

Rompimento ou estratégia?

Por Damião Gomes


É de causar frisson, num primeiro momento, as declarações, via twitter, da primeira dama da Paraíba, jornalista Pâmela Bório, quando afirma ter independência para escolher o candidato que quiser à sucessão do atual prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, cuja candidatura  era tida até pouco tempo como natural dentro do grupo político denominado “Girassol”, para concorrer ao pleito de outubro próximo; e que, em decisão anunciada recentemente pelo próprio prefeito, este renunciou o direito de pleitear a sua própria sucessão.

Não se questiona a independência da primeira dama, embora não seja algo natural na história política da Paraíba - no que diz respeito a ter o direito, como qualquer cidadão, de escolher seus representantes -; contudo, não deixa de ser – e o é – um fato que, obviamente, interfere, sobremaneira, na montagem do palanque oficial, e na eleição daquele que representará o atual esquema político que governa a Capital da Paraíba há quase oito anos, liderado pelo atual governador Ricardo Coutinho(PSB-PB), maior expoente do grupo, e que, certamente, usará o pleito municipal de outubro como bússola para a sua própria sucessão, em 2014.

Quando a jornalista Pâmela Bório anuncia apoio a candidatura única da secretária Estelizabel Bezerra, ignorando o movimento em torno do atual secretário estadual de comunicação social, o também jornalista Nonato Bandeira -  que até então goza da mais estrita confiança do Chefe do Executivo paraibano - antecipa um possível cenário de racha que estaria para acontecer nas hostes governistas. Ou, do contrário, essa “divergência” manifestada pela esposa de Ricardo Coutinho seria tão somente uma estratégia para driblar a oposição, que disputará o pleito com as possíveis candidaturas de Cícero Lucena (PSDB-PB) e José Maranhão (PMDB-PB), desestimulando a união de ambos no primeiro turno do pleito municipal.

É possível que, atrás dessa manifestação da independente jornalista Pâmela Bório, haja o interesse direto do governador Ricardo Coutinho em estimular o lançamento de mais de uma candidatura dentro do seu esquema político, visando uma união no segundo turno, que garanta a permanência do seu grupo por mais alguns anos à frente da administração de João Pessoa, que fortaleceria o projeto do socialista de se cacifar para disputar a reeleição nas eleições gerais de 2014. A pré-candidatura de Nonato Bandeira não deve, portanto, ser desprezada nem por Ricardo, e muito menos pela oposição.

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